5a Edição - Tesão

Onomatopeia do prazer

julho 2023

Onomatopeia do prazer

Ta aí um dos momentos menos racionais: a chegada do tesão. Para uns, um pecado, para outros, um escape. Outros tantos encaram como indissociável do amor, mas a Rita vai discordar… Um é um, o outro é outro. Eu? Discordo da rainha do rock brasileiro - sem anular a opinião dela, pois é muito válida. Mas, cá entre nós, amor tem tudo a ver com tesão.

O santo tem que bater. Simples assim. No entanto, verdade seja dita: existem dois tipos de tesão. Um deles é estimulado através da linguagem, aquele papo gostoso, fácil, que quando a gente vê já passou horas conversando sobre tudo & nada. Uma delícia. Não tô falando de sapiosexualidade - chata pra caramba, soberba -, até porque beleza e inteligência são relativas, pode acreditar. Tô falando daquela conversa em dois registros, cheia de cantadas, que logo já tamo falando piadinha que não machuca. Esse é o flerte, meu favorito. O outro tipo é o da química, aquela coisa que funciona com ou sem palavras. Esse gênero é instintivo, irracional e independente. Chama que acende com um olhar sem que ninguém precise dizer nada. A gente se percebe pelo cheiro, um movimento discreto pode irromper lava. Esse é dos brabos porque carece de argumentos, a gente fica tipo cavalo selvagem sem sela. O primeiro trabalha os sentimentos de maneira profunda, fluímos por entre os interstícios da mente um do outro. O segundo joga com o instinto, um impulso impetuoso que ferra com a nossa honra e provoca o nosso senso com força. O primeiro vai tateando, o segundo vem sedento.

Em todo o caso, os dois desembocam no corpo, locus do prazer terreno, onde a sensorialidade energética flui e reanima os sentidos. Aprecie.

Julho

Em nossa quinta edição, pedimos a vocês os gemidos, os grunhidos, os emojis babando, o tesão. Em “Devasso” o eu lírico explicita o desejo do encontro, para que se possa desafogar a potência ainda no campo do imaginário. No poema “(;)” um símbolo basta. Em “nós”, o elo que envolve o laço é a entrega ao prazer do nos. No poema “crisma”, a servidão do corpo é religiosa, devota. “Seu rosto é uma pintura” explora em detalhes o efeito quente e impiedoso do querer provocado pelo tesão. “Febre” escancara o êxito do tesão em sua mais pura intensidade. No texto “O canto da sereia”, a promessa do encontro seria o exemplo perfeito entre objeto desejado e o querer desejante, fórmula certeira no paradigma da excitação. “O rapto da razão” discorre sobre o fluir do desejo que pode nos trair. No poema “Meu Antínoo” é deflagrada uma espécie de ode a esse deus que teve uma morte prematura, agora com um final partilhado. Por fim, na coluna “Ângulo”, uma resenha do filme “Barbie”.

Textos nesta edição

Fala memo!

Eai, td certo? A Nossa Língua quer trocar ideia, mas pra esse papo acontecer cê precisa chegar junto também. Se a revista será feita das inúmeras vozes (dissonantes) da nossa querida Letras, sua presença é vital!

Então, pensa com carinho! Manda no nosso forms aquela rima guardada na gaveta, aquele texto top que cê quer ver o pessoal discutindo, uma análise de um filme mucho loco, um poema esquecido nas notas do cel… Bota pra circular as ideias! Não é tão difícil assim, vai.

Vem que a gente tá te esperando, beletrista!

Importante

Para os textos serem publicados em nossa revista, seguimos alguns norteadores éticos para que o respeito e a convivência sejam mantidos. Fora isso, todas as penas valem a pena, se acanha não!

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Equipe editorial

Cibele M Brotto - Editoração
Bruna Silva - Revisão

Colaboração:
Attílio Braghetto
Guilherme Faber
Livia Bernardes