Meu Antínoo

POEMA
POR

Frans Amorim

Tristemente revejo-te
Obsoleto e lamentoso
Vestido de rio como um deus-aquém
Uma metafísica senão juvenil
Lançou-se e não havia para quê
Lançou-se e não havia para quem

A nudez de tua carne
Despe o afrodisíaco sexo
Tu não vais afogar em museus
O que é infinito empalidece e congela
Eu te devolvo ao Nilo, Antínoo
Ao leito e ao leite que te penetra

Presentes e futuros te invejam
Cobiçam teu repouso as almas trabalhosas
Cobiçam teus beijos os homens castros
Cobiçam tua graça os desgraçados
De ti nada cobiço, Antínoo
Nada cobiço além do amante suicídio

Cairemos rindo e deificados.