nós

POR

Vandoski & B.S.

I

É difícil escrever sobre algo que não precisou passar, contorcer, rasgar e sofrer para transitar dentro do meu grande novelo enrolado, que carinhosamente chamo de “eu”.

Não tentei te decifrar, não fiquei analisando o quanto me queria, ou pior, se queria o que eu estava fazendo. Sempre tive a devolutiva como norte e nunca chupei sem olhar de relance pra boca… Mas você, com seu esforço admirável em silenciar o que começa como impulso e termina em um som intenso e curto, consegue falar diretamente com o que há de mais primitivo em mim.

Com você foi diferente; em momento algum questionei estar lá. Não me obriguei a largar a luxúria que foi me permitir flertar com uma realidade em que, ao invés de partir de mim, partimos juntos.

II

Você segura a minha mão e me conduz a lugares inimagináveis.

Delineio-me em notas penetrantes e você me lê com voracidade.
Comunicamo-nos na mesma coreografia e, em um abraço cerrado, sinto a vibração de cada átomo do seu ser.
Entrego-me.
Você dedilha notas e melodias por todo meu copo.
Entrego-me;
ofegante por ter você em totalidade, completamente sua, na harmônica consonância de ser um.

[Você, em redundância. Nós, em unidade].