São Paulo é um passageiro com rotina. Na Linha Ouro, o quinto continua vivo. Ganhou uma polida e foi transformado num cordão, mas ainda o vejo. Parece vistoso, como se você precisasse dele. Isso facilita que aceitem o enforco. Aceitamos a cordinha e seu cartão e fazemos com que todas as moedas que juntamos, não só na quinta, sirvam para custear ele. Mais de um inteiro da vida é cooperando com o roubo regulado por lei. Serra Pelada vira toda casa. Garimpando na profundeza dos potinhos esse bronze e prata para pagar o tempo de enlatado. Suando pela Vila Rica, que um dia nos disseram ser aqui. Sobras para viver, a sobreviver como escambo. Nossa vida, pelo tesouro deles. Tudo é imposto à gente: pague quando vier, coma quando puder.