a Boba

POR

Monalisa de Bandana

Escuta bem, que essa podia ser pra você, na verdade, quem sabe ela não é?

Que engraçado
Engraçado você
Agia no não me querer, e coincidentemente depois do bloqueio até mandou seus amigos me seguirem para saber de minha vida
Esse afeto era de chove e não molha, descaso constante e incerteza absurda que incomoda
Poderia eu negar todas as solicitações, entretanto até prefiro que me vejam, deixe que pratiquem o exercício de me olhar e trabalhem a língua incansavelmente ao me devorar
Na nova conta, recebi tua DM. Agora o restaurante do meu eu fechou e você quer comer?
Depois daquilo achei que cê não queria
E vindo de um branco, bombado, padrão, até que eu entenderia
Contou para eles daquele fatídico dia?
Dia de nosso encontro, e eu toda ingênua, mal sabia que um terceiro você também levaria
Até palavras motivacionais das funcionárias do estabelecimento ouvi
Eu estava para uma Malfati completa, porém você decidiu que seria válido me reduzir apenas a uma Boba mal-interpretada
Meu sorriso caiu por terra, minha alegria havia sido cancelada, estava propenso a me tornar o maior emo das trevas. Agora, sem apetite e com refluxo
O que não te contei é que na imensa bolsa que levei, lá dentro dedicado a você havia guardado um arranjo de flores, belos jasmins tão cheirosos que estavam a atrair todos os bem-te-vis, sabiás, beija-flores, andorinhas, maritacas
Não contente em te exaltar, tinha também um chocolate daqueles caros, nele grampeado, uma cartinha que dizia: “desejo, necessidade, vontade… você tem fome de quê? Eu tenho fome de você”
E, olha, eu mal sabia.

No final daquela noite, dividi o chocolate com minha irmã. Alguém que realmente o sabia apreciar
O buquê dei a quem pudesse a natureza contemplar
Que engraçado você
Que agora volta por entre os panos a me procurar como um cão faminto e sem lar
Imagine só se soubesse tudo que eu havia feito
Teria ainda sido esse ser cheio de desfeito?