Presenças

POEMA
POR

Rafael Mendes

Há, decerto, algumas que nos deformam
a alma, mácula esta que a nós transforma,
como um eclipse, a forma ao assumir, reformam;
pela elipse mesmo também nos forma;

se é da treva mesmo que a luz realça
e é a Presença posta da qual eu falo,
ó por que de encontro esta já nos alça
para tudo o que há de sublime e raro?

Se é de embargo, a voz, qual a mim devassa
meus sentidos, olho pra tua graça
que me agrada já, e portanto, e tanto,

cárcere o é do corpo, o espectro em oração
tem teu seio virgem na indagação:
que é que meu desejo lhe causa espanto?