Queria mesmo era saber
lidar com a raiva.
A tristeza? Sou ótima nessa.
Ansiedade? Entendo o protocolo.
Culpa? Até essa sei usar,
nutrir, me corromper e, por fim,
me perdoar.
Agora a raiva…
O que faço com ela?
E não me venha com
“respire fundo, conte até 10”
que essa merda o patriarcado
fez questão de deixar marcado
em cada aspecto da minha socialização.
O que eu quero, de verdade,
é saber como expressá-la.
Sabe qual é a minha resposta
FÍSICA pra raiva? Chorar!
E você sabe como é ter
como única resposta
pra raiva
o choro?
É patético.
É odiar seu primeiro namorado
e chorar de raiva numa briga
e ser lido como terna.
Ter tanta coisa presa na garganta
que não consegue nem dizer que
NÃO! Você não quer o perdão desse
machistinha de pica fina!
… E a verdade é que eu
nem lembro daquela pica.
Às vezes parece inevitável, isso de
cair na referência unilateral da raiva,
essa coisa máscula, viril, violenta:
chutar cadeiras, socar paredes,
aumenTAR A VOZ.
Mas tentar fazer isso
sendo mulher
[ou pelo menos sendo lida como tal]
é condenar-se ao título de desequilibrada.
Dramática. Histérica. Louca!
“Cê tá de TPM é??”
Um… Dois… Três… Quatro….