Tá doendo demais e o jeito que eu encontro de botar pra fora é esse
Chorando minhas palavras
Cantando meus medos
Sambando sem jeito na cara da minha dor
Precisando gritar sobre tudo que não entendo
Que não vou entender
Gritar a aflição da ignorância
Saudade da antiga ignorância
Acho que naquele época eu era mais calma
Credo, tô saudosista.
Quero viver meu agora respirando devagar
O capitalismo tem roubado meu tempo e me deixado opaca;
Tô mais opaca que pele de blogueira com maquiagem mate
Todo dia eu me olho no espelho e tento me dar brilho de novo
Mesmo que seja com lágrimas nos olhos
Quero sentir mesmo que seja dor
Não me importo de ser transpassada por ela
Pq já sei que vai ser passado quando eu notar que a dor passou
Coloco minhas dores num saquinho e às carrego
Tenho carregado num saquinho pq dentro de mim tá meio difícil
Quero analisar elas fora do meu peito pra ver se encontro razão
Nossa…
A razão…
Ao tirar essas dores do peito, vejo os buraquinhos
Abraço esse vazio e agradeço
Melhor vazia do que afogada no meu próprio sangue
Antes vazia por hora
Do que morta.
Me reconstruo a partir do conselho da minha avó
“Fia, na vida a gente tem dois sacos, um sem fundo e um com fundo, no com fundo você | coloca as coisas boas e no sem fundo o que não presta”
Aquela velhinha acelera meu peito e mostra o quanto recomeçar
Tem começar no meio
Recolho aqui, os cacos da minha pele, do meu coração, dos meus olhos e ossos
Construo de novo um novo eu
Me faço de arte chinesa que cola os trem com liga de ouro
Me faço de novo
Na minha eterna dança de subir e descer