Baile

POEMA
POR

Laura Barros Faganello

Eu olho nos teus olhos
como alguém que busca,
como alguém que procura,
desesperadamente,
algo que há muito se perdeu.

Os teus lábios estão selados para mim
talvez pela eternidade,
talvez pela encarnação,
e não me confias os teus segredos.

Tuas mãos sinceras
são hoje inalcançáveis,
frias de uma distância
que não devia nos pertencer.

Eu conheço o calor de tuas mãos
de uma outra mocidade,
de uma memória volátil
de sonho vivido.

Eu olho nos teus olhos
e busco a dança
de um salão remoto,
a voz
de lábios que brincam,
as mãos
de carne que ferve.
Olho nos teus olhos
como alguém que procura
um tempo
hoje invisível.